
Manta 2025 convida-nos a entrar na nova temporada cultural na companhia de nomes como Sérgio Godinho e Rodrigo Amarante, Hot Air Balloon e Bia Maria
Manta estende-se na antecâmara do 20º aniversário do Centro Cultural Vila For, abrindo a todos os seus jardins para concertos que ligarão gerações de artistas nacionais e internacionais e seus públicos através da música, da natureza e da arquitetura
No mês em que o Centro Cultural Vila Flor assinala 20 anos, a edição de 2025 do Manta estende-se nos seus jardins a 12 e 13 de setembro na companhia de nomes maiores do panorama nacional e internacional como Sérgio Godinho e Rodrigo Amarante, juntamente com projetos em ascensão como Hot Air Balloon e Bia Maria, que prometem continuar a escrever uma incrível história sem fim à vista. E o investimento no futuro ganhou uma nova tradição recente no Manta: um concerto e oficinas para a infância e famílias, a decorrer durante o sábado com os WeTumTum.
Este encontro de público e artistas nos jardins abre assim as portas a uma nova temporada cultural, de forma gratuita e dirigida a todas as idades, e inicia a celebração humana e artística que este espaço e projeto vive continuamente com o seu público desde 2005.
A história de um lugar e de um tempo constrói-se a partir das experiências vividas, das memórias sedimentadas e do futuro que produzem. E as canções que têm invadido o jardim do Vila Flor, quase desde a abertura do Centro Cultural, representam a constituição de um grande imaginário, indissociável de uma época grandiosa, que tem fabricado a importante ligação entre gerações de artistas e seus públicos através da música, da natureza e da arquitetura, num lugar e tempo concretos.
A abrir esta edição, às 21h30 de sexta-feira 12 de setembro, temos encontro marcado com os Hot Air Balloon em formato duo. Tiago (Portugal) e Sarah Jane (Irlanda) são mais do que um duo musical – são contadores de histórias que transformam experiências pessoais em canções universais. Além de parceiros musicais, são companheiros de vida, relação que se reflete na autenticidade da sua arte, partindo sempre da simplicidade da guitarra e voz para, depois, explorar camadas sonoras e emocionais que se entrelaçam naturalmente. Com uma sonoridade acústica envolvente e letras profundas, criam uma ponte entre culturas, unindo influências folk, indie e pop.
Na mesma noite, às 22h30, surge-nos nos jardins um nome que é unânime na música portuguesa, e transversal a muitas gerações de apreciadores: Sérgio Godinho. Cantor, compositor, escritor e ator, Godinho é, para citar uma das suas canções clássicas, o verdadeiro “homem dos sete instrumentos”, contando com uma carreira artística de invejável longevidade. Numa altura em que o CCVF comemora 20 anos de existência, Sérgio Godinho inscreve o seu nome na história do Manta com o concerto “Liberdade25”, um espetáculo que é a celebração de uma carreira que se confunde com história do quotidiano português e que tem numa canção composta em 1974 um dos seus hinos obrigatórios. Com a cumplicidade da banda que o acompanha há muitos anos, Os Assessores, Sérgio promete levar-nos numa viagem musical e poética em que a celebração da liberdade se faz através das canções, e emoções, que acompanham o público há cinco décadas.
O segundo dia do Manta reserva-nos um sábado em família nos jardins do CCVF, propondo um concerto para bebés (10h00) e duas oficinas de experimentação musical para todas as idades (Workshop de Percussão Corporal, às 11h30, e Workshop A Cerâmica Dá-te Música, às 15h00), num programa desenvolvido pelo serviço de Educação e Mediação Cultural d’A Oficina, com participação gratuita mediante levantamento de bilhetes no Palácio Vila Flor durante os 30 min. anteriores ao início da respetiva atividade. Desde os mais pequenos aos mais crescidos, todos são bem-vindos ao mundo musical dos WeTumTum, uma associação cultural composta por uma equipa capaz de pôr toda a gente a fazer música. Preparemo-nos para um festim de ritmo e diversão, sem esquecer de convidar as crianças, os primos, os avós, os tios e, claro, as mantas.
A noite de sábado dar-nos-á a conhecer, às 21h30, o álbum de estreia de Bia Maria. Depois três EPs editados em seu nome, a artista portuguesa traz ao Manta “Qualquer Um Pode Cantar”, criação que marca o ponto de inflexão entre o ambiente sonoro em que deu os primeiros passos – algures entre o canto popular, o fado e a bossa nova – e uma nova fome de mundo. Um disco de pop comunitária, um conjunto de 10 canções com letras perspicazes e afiadas, músicas que cantam não só as suas ânsias mais pessoais, como as ânsias de uma geração de mulheres à procura do seu lugar no início da vida adulta.
O último concerto desta edição (22h30) encaminha-nos para um choque frontal com a música de uma das figuras mais singulares da música brasileira contemporânea. Compositor e multinstrumentista de enorme versatilidade, Rodrigo Amarante tem deixado a sua marca em colaborações com nomes como Gal Costa, Norah Jones e Gilberto Gil, tendo sido também membro dos históricos Los Hermanos e da Orquestra Imperial. Depois de “Cavalo”, o seu aclamado disco de estreia a solo, Amarante regressa com “Drama”, um álbum que desafia as expectativas e mergulha num universo sonoro cinematográfico, expressivo e profundamente humano. Um trabalho onde cada canção é um fragmento de uma narrativa maior, uma fábula emocional repleta de subtilezas e ironias. No Manta 2025, Rodrigo Amarante convida-nos a ouvir com atenção, a ver através do som, a abraçar a confusão como parte essencial do ser, num concerto íntimo onde a palavra encontra o ritmo, e a canção se torna revelação.
No final de ambas as noites, os jardins do CCVF alargam a vivência musical após os concertos com DJ sets. Na sexta-feira, as honras caberão a DJ Ideal, heterónimo de José Pedro Santos. Músico, DJ, programador cultural e criador multifacetado no cenário musical independente, foi fundador e colaborador de inúmeros projetos musicais destacando-se "José Pinhal Post-Mortem Experience".
A fechar a noite de sábado, podemos esperar um set eclético e variado pelas mãos do DJ Bernardo Vaz, que nos fará dançar pela noite dentro ao som de diferentes estilos. Com carreira de DJ desde 2011, sob o pseudónimo Bill Onair, dedicou-se inicialmente em exclusivo ao hip-hop e r’n’b old school, mas a paixão pela música e a constante procura e o colecionismo de discos levou-o a outras sonoridades, tais como o soul, o disco ou o house, tendo sido residente em locais como o LuxFrágil, ZDB, Musicbox ou (atualmente) no Harbour Lisboa.
Manta: a música como experiência vivida, sedimentação de memória e produção de futuro, acompanhando uma história que agora celebra 20 anos de representação máxima, de sonho, de expressão e de afirmação de um lugar de liberdade que é o CCVF, consumado a partir das artes e da cultura.
Fotografia: Sérgio Godinho © Arlindo Camacho